domingo, 15 de janeiro de 2012

Marco Rossani


  Novos Tempos?

Já notaram o marasmo que está a mágica? Tenho sentido a falta de algo especialmente novo e impactante... De uma hora para outra parece que o mundo parou.
Nas últimas décadas surgiram mágicos que marcaram época, ou ao menos animaram a rapazeada...
Dentre os que marcaram época tivemos Doug Henning e Copperfield. Dentre os que animaram a garotada Blaine e Criss Angel... Todos indistintamente me animaram também. É justamente por isso que eu digo:
- Tem que aparecer um novo maluco...
Copperfield ainda é genial, mas ele "já existe". Será que leva mais mil anos para aparecer outro? Henning morreu ( e Richard Ross, Tommy Wonder, Patrick Page...). Blaine entrou numa onda de desafios que são marketing demorado e Angel tá no Soléil... Menos mal... pois os programas de TV estavam difíceis de assistir.
A Europa tá se perdendo em performances de cabaré. Isso me faz pensar se o circuito de festivais, nesse ponto, não estaria prestando um desserviço. Quanto bons mágicos de palco na Europa hoje têm cacife para segurar a platéia em um show sólo com dois atos longos e uma produção grandiosa? Desses quantos circulam para outros continentes?
E as convenções? Onde está a ousadia? Aprendemos uma receita... E tudo o que se faz é aperfeiçoá-la aqui e ali. Se dá certo pra que mexer?
O fato é.. Estamos navegando em águas calmas. Pena que isso enjoa...
Não sei se lamento a falta de produção crítica, um problema real na mágica. Já viu alguém ganhar dinheiro para ser crítico de mágica? No máximo ganha aporrinhação e inimigos... E não me venham falar de colunistas que fazem resenha de aparelhos livros e apresentações em revistas especializadas. Dependendo disso eles estariam mortos. De fome.
Temos que nos contentar com críticos de ocasião. O problema é que eles as vezes fedem a recalque. O cara que não consegue subir em um palco e ser artista acaba virando crítico não solicitado. E descarrega suas frustrações em quem consegue o que ele mesmo não é capaz. Ou seja... Nossa produção crítica, se é que podemos dizer que tal coisa existe, mais parece fofoca de vizinhas do que algo que mereça alguma dose de respeito ou tenha algum valor além de inflar o ego de quem escreve... O crítico verdadeiro é formador de opinião... Obrigatoriamente tem um público que respalda o que ele escreve, na hora de decidir se vai ou não a um espetáculo, por exemplo.
Já faz algum tempo o meu convívio é mais focado em outras expressões culturais que na mágica. Nunca abandonei minha raiz, mas salvo raras exceções o papo mágico tende a ser piegas. É FISM pra lá, Tamariz pra lá, vida alheia aqui, McBride ali, fofoca acolá, rotina do Beltrano, baralho assim e assado, preço disso ou daquilo... Haja saco!
De vez em quando surge um cara a despertar reações que vão de uma inveja doentia (a característica mais engraçada dos mágicos é a indisfarçável inveja) a uma admiração que beira o xiismo.
Mas cadê? O que há de novo? Será que ainda estamos na ressaca do Criss? Ou a contemporaneidade com Derren Brown não deixou que a coisa se tornasse uma tendência, como a anterior, que foi causada pela projeção de David Blaine?

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